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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pulseira Verde: A cor que não traduzia a realidade

Atualmente os hospitais de Belo Horizonte usam o serviço de triagem, onde os pacientes chegam, passam pela triagem para serem definidos o tipo de atendimento que necessitam, esses são classificados da seguinte forma: Azul significa sem urgência, Verde significa pouca urgência, laranja significa urgência e vermelha significa emergência. Dia 21/06 eu senti de perto como é passar por um serviço que muitas vezes não representam a realidade da cor de uma simples pulseira que vai classificar o "nível de serviço" que coloca em jogo uma VIDA. E assim foi, por volta das 07:35 eu dei entrada no PRONTO ATENDIMENTO DA UNIMED, passei pela triagem, expliquei os meus sintomas que eram fortes dores abdominais e relatei que já não tinha mais o baço e que isso poderia ser um dos motivos das minha dores, poderia ser uma possível infecção, algo que deveria ser urgente, porém foi classificado como POUCO URGENTE. Depois de 45 minutos de espera fui atendido pela Drª Vanessa, que depois de ouvir os meus sintomas e me avaliar, concluiu que poderia ser a principio problema de apêndice e pediu para ser feito uma ultrassonografia, porém como foi feito com urgência, não teve as recomendações corretas, sendo assim não obteve sucesso no laudo. Assim, fui mandado para a observação com um pedido de uma tomografia do abdómen e de pelve, porém eram dois exames que custariam 900 reais e o meu convénio não queria liberar, enquanto isso eu estava na observação, com soro e a base de remédios aplicados na veia para cortar as dores, e antes já tinha feito exame de sangue e urina, que por surpresa tiveram resultados anormais. Depois de ficar em observação, tive a noticia que seria transferido para um hospital, mas que poderia demorar, enquanto isso eu permanecia no soro. Depois de muita demora o meu convénio liberou a tomografia, mas antes eu precisava tomar dois litros de contraste e não podia urinar, missão quase impossível, mas tomei os dois litros, porém a bexiga estava explodindo e tive que urinar e quando fui realizar o exame, não foi possível prosseguir devido a falta de contraste que ainda não tinha sido absorvida, fui liberado para urinar e tive que tomar mais um litro e meio, depois de quase 50 minutos retornei ao exame e dessa vez realizado com sucesso. Já eram 17:30 e eu permanecia na Unimed aguardando uma transferência, minha mãe ali, forte do meu lado, já passei por muitas coisas nessa vida e ela sempre ali comigo na beira da cama em cada leito, cada quarto, CTI, UTI de cada hospital que eu permanecia nessa vida, com 5 meses de vida, com 5 anos de idade e até mesmo com 11 anos, foram provações que eu passei e tinha pela frente a certeza de que viria mais uma prova de fogo, só não sábia se ia resistir dessa vez.
Por volta das 19 horas veio a noticia de que eu seria transferido para o HPS SANTA RITA e que minha mãe não poderia dormir lá, somente meu pai e foi feita a troca, mas eu permaneci na Unimed até ás 0:26, só aí segui para o Santa Rita e chegando fui direito ao quarto 311 enquanto meu pai assinava a papelada, lembro que estava no meu quarto, desolado, tomando soro na veia meu pai adentrou ao quarto, com uma fisionomia que me preocupava e quando ele disse que não poderia ficar lá por normas do HPS eu pensei que fosse o fim, passar uma noite toda sozinho era demais pra mim, mas mesmo assim meu pai teve que ir, fui muito forte na frente dele, mas quando ele saiu pela aquela porta as lágrimas escorreram de imediato, um choro muito sentido, uma sensação de que seria minha última noite, que eu não ia resistir sozinho, a minha enfermeira tentava me consolar dizendo que estaria ali do meu lado, que era só tocar a campanhia que ela iria vir correndo, uma gracinha, mas eu queria minha família naquele momento, mas acabei adormecendo. Amanheci meio assustado, com efeito dos rémedios aplicados no soro e por volta das 9 horas minha mãe apareceu e o Drº Rogério logo atrás, querendo saber de tudo, depois de 20 minutos me ouvindo fez as suas avaliações e disse que me daria alta, pois era somente uma infecção nos rins que poderia ser tratada em casa, mas antes disse que levaria minha ultrassonografia a um especialista e foi ai que o meu drama começou, Drº Rogério voltou com a noticia de que eu não teria mais alta, pois uma imagem da ultrassonografia dava a sensação de que eu tinha alguma coisa que não tinha sido identificada, mas que provavelmente seria um cisto ou um tumor, e as lágrimas novamente escorreram, não era possível que Deus ia me fazer passar por tudo novamente e tive realmente que permanecer internado, com horário de visita especifico e fora desse horário eu permanecia sozinho. Toda a minha família sábia da situação e do exame que eu iria realizar a tarde que ia definir o que tinha naquela imagem. Justamente na hora da visita eu fui realizar o exame, meus pais chegaram a tempo de me ver, meu irmão também, mas eu tive realmente que ir, tudo seria realizado no 1º andar e eu caminhava com os pés cansados em direção a uma "máquina" que poderia definir algo que colocava minha vida em risco, não contive as lágrimas ao descer as rampas em direção a sala de ultrassonografia, mas no caminho, pra minha surpresa surgem minha prima e minha ex namorada desesperadas a minha procura e eu já estava a caminho do exame, recebi o carinho das duas que naquela hora foi de muita ajuda, eu estava com o coração nas mãos e com as lágrimas também. O exame durou cerca de 25 minutos, subi para o quarto e o resultado sairia somente no dia seguinte, o horário de visita tinha acabado e eu fiquei novamente sozinho e com uma preocupação enorme e com as lágrimas rolando com muita intensidade, aos poucos fui relembrando todo o meu passado, com internações e operações que colocaram minha vida em risco, todas as dores que eu já senti, todos os rémedios e vacinas que já tomei, toda aquela sensação retornou durante uma noite longa e sozinha, alguns telefonemas tentaram me alegrar ou até mesmo me distrair. Trocaram a minha enfermeira da noite, ganhei a Juliana que era uma gracinha, super atenciosa, educada e brincalhona, tentava de todas as formas levantar o meu astral até que eu acabei dormindo. Quando amanheceu acordei com a minha mãe segurando nas minhas mãos, tomei o meu banho, tomei café e me restava aguardar o médico passar para avaliar o laudo da ultassonografia, mas ele passaria somente na parte da tarde e a angústia permanecia, foram longas 5 horas de espera pelo médico e quando ele adentrou a sala meu coração disparou, meus olhos saltitavam, minha pressão desapareceu e ele lá, analisando o meu exame e olhando a conclusão e dando a sua conclusão final e quando ele resolveu falar eu já não tinha mais forças, ele me examinou novamente, outra vez leu a conclusão do exame e respirou fundo, aquilo me deu a sensação de que algo ruim iria vir em seguida e eu não estava de um todo errado, ele concluiu que nem mesmo a ultrassonografia foi capaz de identificar o que eu tinha, mas que ele afirmava que existia algo próximo ao meu pancrêas, que poderia ser um nódulo, cisto, tumor ou um baço acessório, mas que novos exames seriam realizados, que eu ganhava naquele momento alta do hospital e deveria procurar um especialista o mais rápido possível. Enquanto eu tentava descobrir o que existe na minha barriga que atormenta a minha vida, uma pulseira verde classifica o nível de atendimento de uma vida que está em jogo. Agora me resta fazer outros exames e descobrir o que eu tenho, mas que Deus abençoe que seja somente um erro médico, amém.

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